Coisas Piores | Margarita Garcia Robayo 🇨🇴

Eu estava tão ansiosa por essa leitura, que eu nem sei expressar completamente.  Quando eu tive de pesquisar os vencedores do Prêmio Casa de Las Américas esse livro apareceu pra mim e corri pra perguntar à Moinhos sobre a publicação no Brasil e voilá: descobri que aconteceria.
 
Agora, o texto chega nas minhas mãos e eu fiquei bastante impressionada. É um livro de contos e todo livro de contos me inspira a entender o que costurou o texto, como se deu a curadoria e processo criativo. 
 
Coisas Piores é um livro denso intenso, com muitas camadas de problematização que nos levam à compreensões múltiplas. Caramba, quanta coisa podemos depreender daí. 
 
São poucos contos e bastante grandes que nos mostram que algo que está ruim sempre pode piorar. Os corpos que aparecem no texto são dissidentes e as subjetividades muitas vezes fraturadas. É a mulher que está com câncer e é violentada sexualmente, a criança obesa que foi alijada da sociedade e alguns quebra-cabeças que nos fazem compreender as dinâmicas sociais.
 
Finais abertos, relacionamentos tóxicos, funduras desconcertantes: o livro perturba e muito. E talvez seja exatamente esse propósito de constranger, tirar da zona de conforto. Convidar o leitor a rever suas próprias certeza e mostrar que as pessoas, ah, as pessoas são todas elas múltiplas e diversas.
 
Particularmente, eu já tinha me impressionado com essa construção narrativa da Margarita de mostrar a vida em seus mínimos detalhes e sem redenção. Essa vontade de ir escavando as miudezas. Se em Até que passe o furacão temos uma protagonista que tenta, tenta muito, imensamente transformar a sua realidade e se tornar estrangeira, em Coisas Piores o cenário caribenho dá lugar a uma América Latina em profundidade, com as veias abertas (perdão pelo trocadilho).
 
Aqui não há redenção também e sim muito sufocamento, o que não é necessariamente ruim. Sou uma grande admiradora daquilo que desconforta. É uma leitura para fazer quando estiver bem - ou não - e se dedicar em compreender as críticas sociais. Se permita e depois me conta.
 
 
raio-x de quem fez:
editora: moinhos
tradução: Silvia Massimini Félix, a rainha 

Um texto que despertou o interesse de gatinhos e bebês. E vc, já leu?
 
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Sobre a escritora:

Margarita García Robayo é colombiana de Cartagena, mas radicada em Buenos Aires. Vencedora do prêmio Casa de Las Américas com Coisas piores, que deve sair muito em breve pela Moinhos. Tem publicado no Brasil também Até que passe um furacão, pela mesma editora e um conto publicado na estupenda Puñado 7, que também conta com uma entrevista da autora. Segundo a Moinhos, a autora Colaborou com várias revistas hispano-americanas e teve sua obra traduzida ao inglês, francês, português, italiano, hebreu, turco, islandês e chinês. Sucesso arrebatador.

 

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