A minha amiga Mell Ferraz, do Literature-se, disse que nunca é tarde num ano para se apaixonar por um livro. Então, deixei a minha lista com as melhores leituras para o apagar das luzes de 2023. Esse que foi um ano de muito amor e entrega para a Vértebra Latina. Muito trabalho, dedicação e afeto de vocês.
O próximo ano já está quase aí e eu estou muito animada para o que virá, mas antes segue as delícias que me acompanhara, quase todos já figuraram nesta na Vértebra.
1 - Casas Vazias, da Brenda Navarro
trad. Lívia Deorsola, Ed. Dublinense
Sem sombras de dúvidas, a minha melhor leitura desse ano. Envolvente, apaixonante, doloroso, o livro da incrível Brenda Navarro foi um encontro intenso. Lendo Casas Vazias eu consegui expressar muita coisa que a maternidade me evoca. E isso foi incrível! Acabei ganhando o Cinzas na Boca, da Dublinense também e essa é uma das primeiras leituras do próximo ano. Como diz a minha querida Danúbia: me destruiu inteira, nota 10!
2 - A subtração, da Alia Trabucco Zerán
trad. Silvia Massimini Félix, Ed. Moinhos
Eu estou completamente enlouquecida pela literatura chilena e também tenho perseguido, como ninguém, a questão da memória na literatura. A subtração, livro que recebi da Moinhos na parceria, é de uma inteligência potente. Iquela, Felipinho e Paloma me conduziram por meandros do trauma, nessa que é uma narrativa de viagem, uma ode à memória, uma costura às relações familiares e aos horrores da ditadura e uma potente história escrita em tão poucas páginas. Alia Trabucco é supreendente, inteligente, e afiadíssima. Se Casas Vazias não me tocasse em tantas vulnerabilidades, esse seria o meu primeiro lugar.
3 - Exploração, da Gabriela Wiener
trad. Sérgio Molina, Ed. Todavia
Eu buscava o livro de uma peruana para começar a finalizar meu mochilão literário pela América do Sul hispanohablante e encontrei essa joia. O livro da Gabriela junta memória, crítica a colonialidade, corpos dissidentes e entrelaçamento entre questões de gênero, raça e sexualidade. Ao criticar seu antepassado huaco e todos efeitos nefastos da exploração predatória na América Latina, Gabriela vai tecendo suas tramas individuais e dúvidas. É um livro bonito, bem escrito e cheio de camas. Que leitura boa!
4 - Voladoras, da Mônica Ojêda
trad. Silvia Massimini Félix, Ed. Autêntica contemporânea
A Mônica Ojeda já tinha me impressionado muito em Mandíbula, mas admito que preciso reler. Aqui, tem muitas coisas que gosto: terror, bruxaria, esquisitice, violência e crítica social. É um livro incômodo, desconfortante, bem escrito e eu amo a maneira como os contos são trançados. Não darei mais spoilers porque em breve tem resenha por aqui.
5 - Uma nova espécie, da Solange Rodriguez Pappe
trad, Renê Duarte, Ed. Peabiru
É do Equador também esse quinto lugar, mas sinceramente acho que os livros da Mônica e da Solange estão bem empatados no meu coração. São livros completamente distintos, ainda que de contos, mas tão bem escritos que eu fico emocionada. O que a Solange faz aqui é bruxaria, ela articula tantas camadas de discussão e crítica que me dá vontade de chorar de emoção. Pra mim, esse livro é uma aula de escrita. Transitando por diversos universos da ficção especulativa, Solange entrega um livro maduro, potente e lindo para o leitor. E ainda relê e atualiza a lenda latino-americana de la huesera em um dos contos. É fantástico!
6 - Línea Nigra, da Jazmina Barrera
trad. Silvia Massimini Félix, Ed. Moinhos
Eu faria uma lista só com livros, mas sou uma emocionada, mesmo. Então trouxe a Jazmina pra cá porque o livro dela é de uma beleza tão despretensiosa e sutil que me emocionou muito. A história de sua gravidez e o início da vida de Silvester, seu filho, me comove de um jeito bem peculiar. É um livro que me deu vontade de dar para cada mulher que é mãe de filhos pequenos ou tem vontade de engravidar. É um relato sincero sobre as vulnerabilidades da maternidade. Uma delícia.
7 - Meu avô tatanene, da Teresa Cárdenas
trad. Caio Riter, Ed. Editora de Cultura
Fechando essa lista eu quis trazer Meu avô tatanene por ter sido um livro muito delicioso de ler. Eu realmente não saboa o que encontraria, quando a editora me enviou a obra, mas caramba, eu amo a Teresa. E esse livro é um carinho no coração. Tem bruxaria, tem protagonista criana e mulher. Vem resenha por aí.
Que 2024 nos traga desejos de leitura e que a gente continue tendo esse espaço incrível para existir. Me conta qual escritora, livro e país da América Latina você quer ver conteúdo por aqui.
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