Esse post surgiu a partir de uma demanda de vocês, lá na caixinha dos stories, por diversidade e histórias que trouxessem especialmente personagens lésbicas e bissexuais para dentro do texto.
Por isso, a lista de dicas do mês de junho é sobre personagens lgbtqiapn+ na literatura de mulheres latinas. E fico particularmente feliz de ter encontrado autoras tão potentes que modulam tantos dialetos a respeito da diversidade sexual.
Febre tropical | Juliana Delgado Lopera
Febre tropical, da colombiana não-binária Juliana Delgado Lopera fala de deslocamento, solidão, tentativa de se encaixar em uma nova realidade, as tensões e impasses disso tudo e o livro ainda abre espaço para que Francisca descubra a sua própria sexualidade sem rótulos, num processo mesmo que é bonito de ver. Escrito em espanglês, o livro mostra um contexto bastante específico e o cuidado com a tradução para manter essa atmosfera foi essencial.
Imagina contar a história de um mito fundador argentino pela perspectiva queer? Pois é, aqui, a argentina Gabriela Cabezón Cámara resolveu desconstruir uma série de tabus e constituir uma família nada convencional que nos conduzirá ~por uma jornada interessantíssima pelos pampas argentinos. Não vou falar muito, pois, em breve, tem resenha por aqui.
Em breve cárcere | Sylvia Molloy
O que Sylvia Molloy faz aqui, meus amores, é entrar para a história. Pioneiro, disruptivo e desejante, Em breve cárcere é um dos pioneiros da literatura Lésbica na América Latina e narra a história de amor entre duas mulheres. Com uma legião de fãs e sucesso também pela crítica, a obra que eu estou doida para ler mostra toda a potência da Sylvia e nós amamos isso.
Coração na aldeia, pés no mundo | Auritha Tabajara
Encontrei essa dica incrível no instagram da querida Mayra Sigwalt, autora indígena potente e lgbt que eu sigo. Neste post ela traz uma série de livro de autores lgbtqiapn+ indígenas e eu admito que roubei no game, mas por uma boa razão. Coração na aldeia, pés no mundo é cordel, mas quis trazer porque Auritha fala um pouco de sua experiência como lgbt e indígena nesse livro. Na mira para leitura.
Agora que ele se foi | Elizabeth Acevedo
Em Agora que ele se foi, Elisabeth Acevedo nos conta a história de duas mulheres que se descobrem irmãs após a morte do pai. Com as vidas entrelaçadas elas precisarão dar conta da nova realidade, dos sentimentos e de tudo que vem a partir daí. Um curiosidade interessante, é que o livro é inspirado na queda do voo 587.
O parque das irmãs magníficas | Camila Sosa Villada
Eu, particularmente, já considero esse um clássico. Camila Sosa Villada é aclamada por crítica e público e foi uma das mais ovacionadas na última FLIP. Em O parque das irmãs magníficas ela conta a sua própria história ao chegar na colômbia. Do medo ao pertencimento, Camila nos conduz por uma jornada belíssima que pauta as mulheres trans.
Um exu em Nova York | Cidinha da Silva
Sou apaixonada por Cidinha da Silva e esse seria o livro lido no encontro do Leia Mulheres Osasco, então, tem um sentimento especial. Na coletânea de contos, a autora nos mostra questões importantes do nosso tempo, como racismo, misoginia, preconceito de classe e discrepâncias sociais. A maior parte das personagens são LGBTs. Primoroso como tudo que a autora faz.
Resta ainda uma questão, para além das autoras abordadas. Resolvi postar esse texto só agora um pouco por desejo de ter essas questões postas, mas a demora, no entanto, foi de perceber que, ainda que muitas mulheres lgbts brasileiras estejam alcançando espaço com suas publicações, as autoras latinas de outros países ainda estão escanteadas.
O que isso quer dizer? Que muitos clássicos, celebrados lá fora como Las dos caras del deseo, da peruana Carmen Ollé.; Amora, de Rosamaría Roffiel, o primeiro romance lésbico y feminista mexicano; Cantoras, da uruguaia Carolina de Robertis e Sirena Selena, da porto-riquenha Mayra Santos - Febres que eu estou doida pra ler (por favor, publiquem esses dois últimos livros no Brasil), nas minhas pesquisas não encontrei a publicação ou republicação deles no Brasil. Se alguém souber me avisa.
Queremos mais autoras lgbtqiapn+ traduzidas ao português. Bora fazer barulho pra acontecer?
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