Criado em 1960, o prêmio Casa de Las Américas se consolidou como um importante marco de resistência literária e em direitos humanos, afinal, é um olhar para o testimonio latino-americano com acuramento e um jeito de prestigiar obras e autores que vão pensar tensões importantes dentro da América Latina, com as complexidades e contradições que por aqui existem.
É bem verdade que se queremos avançar enquanto sociedade, precisamos olhar para a colonização predatória, o racismo, as ditaduras perversas e as violências que nos atravessam dando-lhe os nomes corretos.Lembrar para que o mal não se repita.
As mulheres vencedoras do prêmio nos mostram entrelaçamentos diversos entre raça, classe, sexualidade, migração, pertencimento e memória. Pautando questões de profunda relevância e atualíssimas.
Vamos conhecer um pouco mais delas
1. Teresa Cárdenas | Cachorro Velho | 2005 | Romance (Cuba)
Além de um livro belíssimo que denuncia as muitas violências que a colonização e a escravização nas plantações promoveram em Cuba, Cachorro Velho nos traz a potência da velhice negra em diáspora, a esperança e a liberdade e as muitas formas de resistir mesmo quando não é possível. A construção do protagonista é de uma sensibilidade imensa que tensiona questões de identidade, pertencimento e violência. Impossível não sair completamente emocionada.
2. Liliana Villanueva| lloverá siempre| 2017 | literatura testemunhal (Argentina)
Ainda sem publicação no Brasil, Lloverá simpre está na lista dos desejantes. Com o subtítulo de memórias de maria esther gilio, flana entre a ficção e a literatura jornalística para contar as experiências desta mulher em diálogos e cartas que funcionam como documentação de vida mesmo.
3. Margarida Carcia Robayo | Cosas Peores | 2014 | Contos (Colômbia)
Com previsão de publicação no Brasil ainda este ano, pela Editora Moinhos, Cosas Peores traz em seus 7 contos personagens complexos em sua humanidade que não se encaixam e buscam compreender seus lugares no mundo mostrado como a literatura é capaz de problematizar o cotidiano . Margarida, que já é uma baita representante da literatura latino-americana escrita por mulheres, traz problematizações importantes neste livro.
4. Ana Maria Gonçalves | Um defeito de cor | 2007 | Literatura Brasileira (Brasil)
Em suas quase mil páginas, o romance histórico de Ana Maria Gonçalves é considerado por muitos como uma obra negro-brasileira de importância única em nossa literatura. Problematizando o racismo e as estruturas violentas que subalternizam a população preta, em especial as mulheres, o livro traz um relato pungente da diáspora africana enquanto sinaliza para a possibilidade de devires outros.
5. Maria Valéria Rezende | Outros cantos| 2017 | Literatura Brasileira (Brasil)
Maria está voltando ao nordeste para reencontrar aquilo que deixou por lá. Durante a viagem de ônibus, passado e presente se misturam numa ode à memória. Os horrores da ditadura, a educação popular e os laços que vão sendo feitos no profundo coração do país se abrem ao leitor. livro belo mesmo.
A maior parte das obras vencedoras do prêmio não estão publicadas no Brasil, mas dá pra conferir Cachorro Velho, que saiu pela Pallas e Coisas Piores será lançado ainda este ano pela Moinhos.
Conta pra gente qual vc leu.
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