Muitas américas dentro da América Latina

Dia desses eu estava conversando com a minha querida amiga @ingrydbastos e surgiu a dúvida se alguns países eram ou não da América Latina. Fomos pesquisar. A verdade é que definir pertencimento, identidade e noção de terra é muito complexo, especialmente deste lugar em que falamos.

 

 



Não existe uma voz uníssona sobre o que é a América Latina, nem um conceito único, mas sabemos que essa terra que nos constitui é atravessada por disputas narrativas, sociais e epistemológicas e isto não é puramente geografia, afinal quem veio e passou uma régua?

 

A América Latina transborda fronteiras, excede, mas também tem no cerne da sua história a colonização predatória dos territórios, das pessoas e a espoliação por meio dos processos de escravização. No entanto, é lugar de luta, resistência, guerrilha e poéticas de subversão.

 

 

América Latina, América Andina, América Platina, Caribe, América Ladina, Sul Global. Ufa! Quantas Américas existem na nossa América Latina?  



Normalmente, quando vou falar, uso América Latina e Caribe, para que não haja um apagamento ainda mais pungente de povos e pertenças e, ao mesmo tempo, exista um entrelaçamento. No entanto, eu trouxe aqui alguns conceitos para pensarmos juntos as tensões, impasses e devires.

 


À luz de Ochy Curiel, Lélia Gonzalez, Dora Barrancos, María Lugones, Yuderkys Espinosa Miñoso, Sueli Carneiro, Constância Lima Duarte, Julieta Paredes Carvajal, e tantas outras intelectuais, uma coisa é certa: ser mulher ao sul global não tem nem a mesma ginealogia, nem a mesma realidade do que o norte nos ensinou, especialmente para as mulheres pretas, de povos originários, pobres, lgbts.

 

Então que a gente inverta os mapas, os traçados, as correntezas dos rios e a potência das cordilheiras porque o nosso norte é o sul em constante câmbio, já dizia Torres Garcia. Em espanhol, francês, português, crioulo ou qualquer outra língua que nos venha à boca: !Atrévete! Sim, eu sou uma apaixonada.

 




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Dicas de leitura + Bibliografia:


• Lélia Gonzalez. Por um feminismo afro-latino-americano. Zahar, 2020.

• Ochy Curiel . Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Bazar do Tempo, 2020. 

•  Julieta Paredes Carvajal. Uma ruptura epistemológica
com o feminismo ocidental.
In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Bazar do Tempo, 2020.

• Dora Barrancos . História dos feminismos na Ameerica Latina. Bazar do tempo, 2022.

• Glória Anzáldua. A vulva é uma ferida aberta e outros ensaios. A bolha, 2021. 

• Yuderkys Espinosa Miñoso. Fazendo uma genealogia da experiência: o método rumo a uma crítica da colonialidade da razão feminista a partir da experiência histórica na América Latina. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Bazar do Tempo, 2020.  

• Sueli Carneiro. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Bazar do tempo, 2019.   

• María Lugones. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Bazar do Tempo, 2020. 

• Boaventura de Sousa Santos. O fim do império cognitivo: A afirmação das epistemologias do Sul. Autêntica, 2019.


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