A luta da mulheres pelo sufrágio nao Brasil e América Latina

O dia 24 de fevereiro é um marco nacional e latino-americano na luta das mulheres por direitos. Isto porque, em 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto. No mesmo ano o Uruguai também conquistou o sufrágio feminino em lei. Portanto, estes foram os dois primeiros países da América Latina a possibilitar que mulheres votassem, sendo pioneiros. 

Inspirada pelo livro 100 anos da luta das mulheres pelo voto no Brasil, Argentina e Uruguai, organizado por Ana Prestes e que saiu pelo selo editorial do instituto E se fosse você, trouxe alguns dados interessantes a respeito do tema.

 


A luta de mulheres pelo direito ao voto começou muito antes do marco histórico. No Uruguai, em 1927, já se tinha registro de mulheres votando em Cerro Chato e no Brasil, em 1928, Alzira Soriano conseguiu a façanha de ser a primeira mulher eleita prefeita em Lajes, no interior do Rio Grande do Norte. No entanto, o direito garantido pela constituição só viria mesmo em 1932 e foi somente em 1933, nas eleições para Assembleia Constituinte, que as mulheres brasileiras conseguiram votar pela primeira vez, mas não foram todas. Apenas as casadas com o aval de seus maridos, as viúvas e as solteiras com renda pudera fazer isso, uma vez que foi apenas em 1934 que todas as mulheres tiveram o direito ao voto garantido. A obrigatoriedade do voto feminino veio em 1946.

Se na Argentina o direito ao voto só veio em 1947, nossas hermanas podem se orgulhar de seu país ter sido o primeiro a ter uma mulher eleita presidenta no mundo: María Estela Martínez de Perón, conhecida carinhosamente como Isabelita Perón, que assumiu em 1974, após a morte do marido, do qual era vice-presidenta e primeira dama.

Outras importantes mulheres brasileiras que devem ser referenciadas aqui são Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita no país a deputada federal; e Erika Hilton e Duda Salabert, as primeiras mulheres trans eleitas deputadas federais em 2022. 

Sabemos que a luta das mulheres por direitos está longe de cessar e muito há que ser conquistado. No Brasil, apenas 15% das cadeiras da Câmara Federal e 12% das cadeiras do Senado são ocupados por elas. Além disso, a violência política de gênero, com agressões de toda sorte as afasta do ambiente político. Tendo como o caso mais brutal e emblemático dos últimos anos o assassinato de Marielle Franco, que era um símbolo feminista potente. Por isso, enfrentando com coragem, elas resistes.

E como esse é um blog de literatura, deixo essa dica de leitura incrível, cujo .eu exemplar ainda não chegou: 100 anos da luta das mulheres pelo voto, livro que saiu pelo selo do instituto E se fosse você?, capitaneado pela querida Manuela D'ávila, que também assina a apresentação da obra. O livro, organizado por Ana Prestes, traz diversos artigos de estudiosas que tratam do tema nos três países, Brasil, Argentina e Uruguai, mostrando pesquisas potentes. Além disso, conta com dois prefácios: um da ex-presidenta Dilma Rousseff e outro da professora Adriana Biroli, da UnB. 

 


Com a proposta de ser um livro que trata de apagamentos históricos e do sufrágio pela perspectiva de diversas matrizes  como raça, classe, gênero e sexualidade se interseccionando, a obra é um registro da nossa história, que parece se alinhar aos contradiscursos. ou seja, mostra as tensões ao trazer os debates.

Bem, eu não sei vocês, mas estou curiosíssima por essa leitura. Que o dia de hoje seja sempre lembrado como um marco da luta das mulheres e que também se saiba que muito ainda deve ser feito. Ocupemos sempre!

 

Referências usadas no texto:

 

O voto feminino no Brasil e no mundo 

Antonieta de Barros, a parlamentar negra pioneira que criouo dia do professor 

Livro aponta os 100 anos do sufrágio feminino no Brasil, Argentina e Uruguai

María Estela Martínez de Perón - Primeira mulher presidente no mundo 

Paulina Luisi: a médica pioneira que lutou pelo direito das mulheres ao voto 

Quem é Erika Hilton , a primeira trans negra eleita no Brasil

A história de Alzira Soriano 

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