| bruxaria |   guadalupe 🇬🇵

Na última semana de 2022 chegaram pacotinhos cheios de amor aqui em casa. As mulheres que figuravam no remetente são dessas bruxas raras, amigas preciosas, família que a vida me deu.  Abria-se ali um portal de ano bom que me encanta.  

Resolvi destacar esse mapa da foto e me permito contar um pouco dessa história. Ela vem em camadas, em cadeia, feito trança que entrelaça os cabelos no tempo espiralar.    

 


O post de hoje é sobre encontro, encantamento e afeto. Conheci Carol Casati, do Encruzilinhas, em 2019, na outra vida antes da pandemia. E nós nos conectamos logo de cara. Carol me apresentou Tituba e Cláudia Fusco, eu apresentei Ana Rüsche e Nadifa. Juntas, traçamos planos de ocupação mundial, dúvidas sobre estudos, felicidade de descobertas e o carinho que só o se sentir pertença é capaz de dar.   

 

Carol Casati em Salém


Em dezembro de 2022, quando o amor vencendo o ódio ainda era promessa, a Carol foi para Harvard e de Harvard para Salém e generosamente me levou com ela em matéria bruta espiritual e emocional. Espera, Pilar, aqui não é a Vértebra Latina, o que Harvard tem a ver?     

Tituba, a bruxa negra de Salém, figura central nos acontecimentos mais famosos dos julgamentos emblemáticos da Caça às bruxas, foi apagada pela história, pelo arquivamento oficial, pelo racismo e pela misoginia. 

Numa reparação potente, Maryse Conde, escritora caribenha de Guadalupe, lhe escuta o chamado ancestral, devolve a vida e conta a sua história. Tituba, essa mulher bruxa incrível cuja origem certa era desconhecida, é igualmente caribenha e a latinidade transgressora é subversiva daquelas que estão ao sul global pulsa incessante no livro.    

 


Francófona, Maryse coloca um tempero a mais na América Latina e sublinha essas ancestralidades outras esquecidas e apagadas pela tradição. Costuma dizer que sua ligação com Tituba é espiritual e palpável, tendo evocado a bruxa potente que ela foi para escrever a história. Carol Casati, quando em Salém, também evocou Tituba, percorreu minimamente seus passos, foi atrás de seus rastros e, generosa como é, me levou junto. Porque se tem uma coisa que eu, ela e Ana Rüsche compartilhamos é o amor por Tituba, pela resistência feminina, pelo feminismo que funda subversão no cotidiano de mulheres aparentemente simples, porém revolucionárias.    

Só tenho a agradecer o privilégio que é viver no meu tempo em que vocês. Minhas amigas, e que Maryse, para ver publicada essa obra tão potente, tão necessária, tão atravessadora e instigando.    

Em breve resenha da Tituba por aqui e percorreremos juntas e juntos esse livro incrível. O que Tituba une, ninguém separa. Axé 💜 

 

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