Nadine | Luiza Romão 🇧🇷

Quem me conhece sabe que eu sou fã da Luiza Romão desde que não era modinha. A vencedora do Jabuti de Poesia e Livro do ano de 2022 povoa meu imaginário desde 2016. Foi também sobre Coquetel Motolove minha dissertação demestrado e também já escrevi diversos artigos sobre o Sangria.

O vencedor do Jabuti deste ano é Também guardamos pedras aqui, mas é sobre Nadine que eu gostaria de falar hoje. O último lançamento da poeta é um arraso e você pode conferir algumas curiosidades do livro abaixo e um ensaio fotográfico em que encarnei a protagonista do livro. Impactada com tanto primor.



1• Nadine bebe nas fontes de Garotas Mortas, de Selva Almada, primeiro livro resenhado aqui, no Vértebra Latina. Além de Luiza ser tão apaixonada quanto eu por essa obra e ter feito uma peça incrível junto com o seu projeto Palabreria, vários elementos estão presentes: colocar a ação na boca de uma menina morta, a investigação do feminicídio, as nuanças jornalistas, a necessidade de revide.

2• Nadine, publicado pela incrível Editora Quelônio , é um fruto estranho, um livro híbrido: é poesia, é investigação, é narrativa. E eu amo como Luiza vem experimentando esse borrar limites ao longo de sua trajetória poética. Simplesmente rainha da desconstrução e ousadia.

3• Sabemos que Nadine morreu, que foi violentada, mas ela nunca esteve tão viva e colocar o centro da ação numa mulher que foi apagada e rasurada por homens covardes é de um poder imenso. A feminista aqui pira de emoção.

 


4• Se liga nas personagens lana e kiddo (alou kill bill) que você vai ver as muitas camadas dessa trajetória.

5• Aqui, a jornada poética é muito mais importante do que conclusões. Com uma habilidade ímpar, Luiza nos mostra questões de gênero complexas, debocha da misoginia e propõe leituras de uma mulher nada linear pelos olhares de muitas pessoas.

6• Com enquadramentos cinematográficos, cortes narrativos, certa reviravolta, o livro é pura transgressão. Ao fim, não importa o fim, porque é recomeço, denúncia, uma abertura que aponta à coletividade e à reflexão.

 


7• A pegada jornalística que desestrutura uma formatação mais tradicional de seus poemas é uma grande sacada. Que livro bem feito. Que composição estética ousada. Dessas que vc se orgulha de ler.

8• Entre a mensageira e o nada, Nadine se presentifica audaciosa, disruptiva, inteligente e instigante. Eu me vejo agora obcecada e quero mais histórias de meninas mortas.

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Sobre a autora:


Luiza Romão é Brasileira de Ribeirão Preto. Atriz, slammer, poeta, produtora cultural e mestra em literatura pela USP: é uma artista mútipla e completa. Vencedora do Jabuti de Melhor Livro de Poesia e Livro do Ano com Também guardamos pedras aqui (Nós), é autora de Coquetel Motolove e Sangria (Selo do Burro) e Nadine (Editora Quelônio).

 


 

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